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A economia de comportamento é uma área da ciência que estuda como as decisões econômicas são influenciadas por fatores psicológicos, sociais e emocionais. Esses fatores podem afetar o consumo, a poupança, o investimento e outros aspectos da vida financeira das pessoas.
Em situações de crise, como guerras, epidemias, recessões ou desastres naturais, esses fatores podem se tornar ainda mais relevantes e determinantes para o comportamento dos consumidores.
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Percepção de risco, confiança e otimismo
Uma das principais consequências das crises é o aumento da incerteza e da insegurança sobre o futuro. Isso afeta a percepção de risco, a confiança e o otimismo dos consumidores, que podem se tornar mais cautelosos, pessimistas e desconfiados.
Portanto, essas mudanças psicológicas podem levar a uma redução do consumo, especialmente de bens duráveis, não essenciais ou de alto valor, que envolvem um comprometimento de renda no longo prazo.
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Por outro lado, pode haver um aumento do consumo de bens de primeira necessidade, de baixo custo ou que proporcionam conforto emocional, como alimentos, remédios ou entretenimento.
Um exemplo disso foi o que ocorreu durante a pandemia de covid-19, que provocou uma queda histórica na demanda por viagens, turismo, lazer, vestuário e serviços em geral, mas também um aumento na procura por produtos de higiene, saúde, alimentação e tecnologia.
Além disso, muitos consumidores passaram a poupar mais ou a buscar formas alternativas de renda, como o trabalho informal ou o empreendedorismo.
Hábitos e preferências de consumo
As crises também podem alterar os hábitos e as preferências de consumo das pessoas, seja por necessidade, adaptação ou oportunidade. Isso pode envolver mudanças no local, no horário, na forma ou no tipo de consumo.
Por exemplo, durante uma crise energética, os consumidores podem optar por usar menos eletricidade, trocar lâmpadas incandescentes por LED, andar mais de bicicleta ou transporte público ou investir em painéis solares.
Durante uma crise sanitária, os consumidores podem adotar medidas de prevenção, como usar máscaras, álcool em gel ou distanciamento social, além de recorrer mais ao comércio eletrônico, ao delivery ou ao teletrabalho.
Um exemplo disso foi o que aconteceu durante a crise hídrica que afetou o Brasil em 2014 e 2015, que levou muitos consumidores a reduzir o consumo de água. Além disso, instalar redutores de vazão nas torneiras e chuveiros, reutilizar a água da máquina de lavar ou da chuva ou comprar reservatórios extras.
Cooperação e solidariedade na economia de comportamento
As crises também podem estimular ou inibir a cooperação e a solidariedade entre os consumidores. Por um lado, as crises podem despertar sentimentos de empatia, compaixão e altruísmo nas pessoas, que se mobilizam para ajudar os mais necessitados ou vulneráveis.
Contudo, as crises podem gerar sentimentos de medo, egoísmo e competição nas pessoas, que se isolam ou se aproveitam dos outros. Esses comportamentos podem se refletir no consumo coletivo ou compartilhado de bens e serviços públicos ou privados.
Um exemplo disso foi o que se observou durante a pandemia de covid-19, que gerou diversas iniciativas de solidariedade, como: doações, campanhas, voluntariado ou redes de apoio, mas também casos de desrespeito, violência, fraudes ou estoques excessivos de produtos.
Implicações e desafios da economia de comportamento
A economia de comportamento traz implicações e desafios para as políticas públicas e as empresas que lidam com os consumidores em situações de crise.
Porém, a economia de comportamento pode oferecer ferramentas e estratégias para entender, influenciar ou modificar o comportamento dos consumidores. Desse modo, promover o bem-estar social, a sustentabilidade ambiental ou a recuperação econômica.
Por outro lado, a economia de comportamento pode revelar limitações, vieses ou erros nas decisões dos consumidores, que podem prejudicar seus próprios interesses, os dos outros ou os da sociedade.
Um exemplo disso foi o que se viu durante a crise financeira global de 2008 e 2009, que expôs as falhas e as distorções do mercado financeiro, que levaram a um excesso de endividamento, especulação e risco por parte dos consumidores. Mas, também abriu espaço para a criação de novos modelos e regulamentos para proteger e educar os consumidores.
As crises podem afetar a percepção de risco, a confiança e o otimismo dos consumidores; alterar os hábitos e as preferências de consumo. Estimular ou inibir a cooperação e a solidariedade entre os consumidores; e trazer implicações e desafios para as políticas públicas e as empresas.
A economia de comportamento pode oferecer insights e soluções para lidar com esses fenômenos, mas também pode revelar problemas e dificuldades que precisam ser superados.